segunda-feira, 28 de maio de 2012

Rio Grande do Sul



RIO GRANDE DO SUL
 
LOCALIZAÇÃO: o Rio Grande do Sul, estado brasileiro, fica no extremo sul da região Sul
FRONTEIRAS: Norte = Santa Catarina; Sul = Uruguai; Leste = Oceano Atlântico; Oeste = Argentina
ÁREA (km²): 282.062
RELEVO: planície litorânea com restingas e areias, planaltos a Oeste e Nordeste, depressões no centro
Seu relevo apresenta três regiões naturais, que podem ser facilmente identificadas: o planalto Serrano, o pampa e a região lagunar. O planalto Serrano ocupa mais da metade do território do estado, estendendo-se por toda a parte setentrional em direção ao sudoeste. Na região serrana, localizada a nordeste, encontram-se altitudes de 900 a 1.000 metros, chegando a apenas 100 metros no vale médio do rio Uruguai. Na parte meridional apresenta escarpas de cuestas, designadas pelo nome genérico de Coxilha Grande, que caem para a depressão Central. Nessa parte do relevo do estado podem ser encontradas extensas campinas e também regiões de florestas, onde predominam as araucárias e a vegetação da mata atlântica. O pampa gaúcho localiza-se na parte centro-meridional do estado e corresponde a um planalto de ondulações suaves, com altitudes inferiores a 500 metros. A região lagunar na costa atlântica apresenta paisagem de praias com dunas e restingas, além de enorme quantidade de lagunas, destacando-se entre as maiores, as lagoas dos Patos, Mirim e Mangueira
RIOS PRINCIPAIS: Uruguai, Taquari, Ijuí, Jacuí, Ibicuí, Pelotas, Camacuã
Os rios que banham o estado pertencem à bacia do Prata e o principal deles é o rio Uruguai, formado pela junção dos rios Canoas e Pelotas, na divisa do estado do Rio Grande do Sul com o estado de Santa Catarina
VEGETAÇÃO: campos (campanha gaúcha) a Sul e Oeste, floresta troplical a Leste, matas das araucárias a Norte, mangues litorâneos
CLIMA: subtropical
Predomina no estado do Rio Grande do Sul o clima subtropical, sendo que na região do planalto Serrano o clima é subtropical de altitude, com temperaturas médias inferiores a 20º C e chuvas abundantes, regularmente distribuídas. Devido à latitude, na região do pampa gaúcho as médias térmicas são inferiores a 18ºC e as chuvas são relativamente escassas. A região lagunar do litoral caracteriza-se pela escassez de chuvas
MUNICÍPIOS (número): 467 (1996)
CIDADES MAIS POPULOSAS: Porto Alegre, Pelotas, Caxias do Sul, Canoas, Santa Maria, Novo Hamburgo, Viamão
HORA LOCAL (em relação a Brasília): a mesma
HABITANTE: gaúcho
POPULAÇÃO: 10.187.798 (2000)
DENSIDADE: 36,11 habitantes p/km2
ANALFABETISMO: 6,1% (2000)
MORTALIDADE INFANTIL: 22,2
CAPITAL: Porto Alegre, fundada em 26/3/1772
HABITANTE DA CAPITAL: porto-alegrense


Na composição da economia destacam-se a agricultura e a pecuária, além de atividades industriais. O estado do Rio Grande do Sul é tradicionalmente conhecido como o celeiro do Brasil. Sua produção agrícola inclui as culturas de soja (5,6 milhões de toneladas); trigo (905,3 mil toneladas); arroz (4,5 milhões de toneladas); milho (5,5 milhões de toneladas. Na pecuária destacam-se as criações de bovinos (13 milhões de cabeças); ovinos (10 milhões de cabeças); eqüinos (600 mil cabeças); e suínos (3,8 milhões de cabeças). Existem também reservas minerais no estado, especialmente cobre e calcário. Em 1992, o volume de exploração destes minérios chegou a 1,4 milhão e 4,1 milhões de toneladas, respectivamente. Entre as atividades industriais do estado do Rio Grande do Sul, destacam-se as indústrias de couro em geral, calçados, alimentícia, têxtil, madeireira, metalúrgica e química.


Situado fora do eixo de comércio do Brasil com Portugal, coube ao Rio Grande o papel vital de fornecer o gado que sustentou o ciclo do ouro em Minas Gerais e o do charque, que era o alimento básico dos escravos e da população de baixa renda das cidades brasileiras. A partir do início do século XX, coube também ao Rio Grande a função de "celeiro do país", responsável por uma fatia significativa da produção agrícola nacional.

A história do Rio Grande do Sul começou bem antes da efetiva ocupação de seu território pelos portugueses. Inicialmente, o Estado era uma "terra de ninguém", de difícil acesso e muito pouco povoada. Vagavam por suas pradarias os índios guaranis, charruas e tapes e, vez por outra, aventureiros que penetravam em seu território em busca de índios para apresar e escravizar.

Esse quadro foi modificado com a chegada dos padres jesuítas que, no início do século XVII, na região formada pelos atuais estados do Rio Grande do Sul e Paraná, e pela Argentina e Paraguai, fundaram as Missões jesuíticas. Nelas se reuniam, em torno de pequenos grupos de religiosos, grandes levas de índios guaranis convertidos.
As peculiaridades geográficas da área onde atualmente se encontra o estado do Rio Grande do Sul, dividido em 11 diferentes regiões fisiográficas, influíram para retardar a ocupação da terra pelo conquistador europeu. Passado um século do descobrimento do Brasil, ocorrido em 1500, a região era quase inteiramente desconhecida pelos portugueses. Seus campos eram ocupados por três grupos indígenas: o gê ou tapuia (onde se encontram remanescentes caingangues), que ocupava a região de "Cima da Serra", onde hoje se encontram os municípios de Passo Fundo, Lagoa Vermelha, Vacaria, Bom Jesus e São Francisco de Paula; o pampeano (charrua, minuano), que vivia no pampa gaúcho e uruguaio (campos de vegetação baixa, propícios à criação de gado); e o guarani, que ocupava o litoral, nas margens da lagoa dos Patos e nas vizinhanças dos grandes rios.
As Missões Guaranis - A partir de 1626, padres jesuítas espanhóis começaram a fundar reduções ou missões (aldeias orientadas pela religião católica, onde os índios viviam de acordo com os princípios da cultura ocidental, em comunidades organizadas pelos missionários jesuítas) na região oeste do território hoje pertencente ao sul do Brasil, ao Uruguai e à Argentina.
Durante todo o século XVII ocorreram conflitos freqüentes entre índios e bandeirantes. Os primeiros tinham apoio dos missionários jesuítas, que desejavam convertê-los e civilizá-los. Em função desse apoio, diversas missões foram criadas e destruídas, tendo os índios sido, por vezes, submetidos a períodos de exílio forçado de suas terras originais.
No final do século XVII e princípios do século XVIII, os índios iniciaram um retorno gradual às terras que antes lhes pertenciam, sempre com o apoio dos jesuítas. Foram criados nesse período sete povoados, que ficaram conhecidos como os "sete povos das missões". A etnia desses povos era variada, predominando traços dos guaranis. O governo de cada aldeia imitava a organização das cidades coloniais espanholas, sendo a sociedade dividida em classes, segundo o ofício.
Artistas eméritos eram considerados em plano social superior, com prerrogativas quase de nobreza.
A agricultura era exercida coletivamente, não havendo propriedade particular. Os instrumentos agrícolas utilizados também pertenciam à coletividade.
O gado, fator primordial para o sustento dessas populações, era criado em campos (vacarias) afastados das aldeias, onde existiam boas condições climáticas e gramíneas de alto poder alimentício. Criavam também cavalos, ovelhas, cabras, galinhas, porcos, etc.
Dada a facilidade de aprendizagem, não houve problemas em ensinar aos índios as artes mecânicas em "oficinas" onde aprendizes trabalhavam sob a orientação de um "mestre". Todos os artífices trabalhavam para a comunidade e viviam da produção da comunidade.
Extraía-se a erva-mate e madeira, praticava-se a metalurgia e criava-se gado. Tendo aprendido a fazer mudas, os índios plantaram grandes ervais nas proximidades dos povoados. Com a madeira extraída, executavam obras de arte, especialmente peças sacras, como imagens, candelabros etc.
Os "sete povos" eram formados pelas aldeias de São Francisco Borja (1682); São Nicolau (1687); São Luiz Gonzaga (1687); São Miguel Arcanjo (1687); São Lourenço Mártir (1690); São João Batista (1697); e Santo Ângelo Custódio (1707), município onde hoje podem ser encontradas as ruínas da igreja de São Miguel, conjunto tombado pela Organização das Nações Unidas - ONU, como patrimônio histórico da humanidade.
Enquanto floresciam os sete povos no oeste, o litoral era aos poucos ocupado pelos portugueses.
Em 1680 foi criada a colônia de Sacramento, às margens do rio da Prata (hoje cidade de Colônia no Uruguai). Fundada como local de contrabando, tornou-se um dos centros da guerra de fronteiras travada entre portugueses e espanhóis durante todo o século XVIII.
Em 1726, os espanhóis fundaram a cidade de Montevidéu, a leste de Sacramento, também na margem esquerda do Prata, para diminuir a influência de Portugal na região e ampliar o controle da navegação no Prata. Depois de várias tentativas para conquistar Montevidéu, os portugueses fundaram o Forte Jesus Maria José, em 1737, atual cidade de Rio Grande, em território brasileiro. Os conflitos encerraram-se apenas em 1777, com a assinatura do Tratado de Santo Ildefonso, entre Portugal e Espanha, pelo qual ficou garantida a soberania espanhola sobre Sacramento e a posse de Rio Grande pelos portugueses. A região hoje correspondente ao estado do Rio Grande do Sul teve sua fronteira definida apenas em 1801, após a assinatura do Tratado de Badajoz.
A partir de 1824, começaram a chegar levas de imigrantes alemães para a região, o que diversificou a economia, antes baseada nas grandes estâncias de gado de corte. Os imigrantes instalaram-se em pequenas propriedades rurais, com produção agrícola diversificada, que passou a abastecer o estado e ser exportada para as regiões vizinhas. Na parte sul do estado desenvolveu-se a charqueada.
No século XIX, ocorreram ainda várias rebeliões no Rio Grande do Sul. A mais longa delas foi a Guerra dos Farrapos, produto de divergências entre defensores de ideais republicanos e federalistas. Durou dez anos (1835-45). A pacificação do estado, após outras lutas civis, só ocorreu a partir de 1928, com o governo de Getúlio Vargas, que mais tarde viria a ser presidente do Brasil.

Região Serrana - Nas proximidades da cidade de Porto Alegre encontram-se as cidades de Gramado e Canela, muito procuradas por turistas de todo o país, por suas belezas naturais e os traços característicos da colonização alemã. Gramado está localizada a 825 metros de altitude e tem população de 23.094 habitantes. O clima é ameno, com temperaturas que podem chegar a alguns graus negativos no inverno. Canela encontra-se a 837 metros de altitude e sua população é de 31.109. Em Gramado ocorrem alguns dos principais eventos culturais do país, como o Festival de Cinema Nacional e o Festival Internacional de Publicidade. A cidade é conhecida pelo requinte de sua culinária e por sua paisagem natural, que inclui lagos (lago Negro e lago Joaquina Rita Bier), um parque municipal, cascatas, etc. Há ainda uma cidade miniatura - o Minimundo - com reproduções de castelos e casas em estilo europeu, trens e até luz elétrica. Em Canela o clima pode ser mais frio no inverno, chegando a temperaturas de -5ºC a +25ºC. O estilo das casas é europeu, com jardins onde podem ser encontradas flores variadas e bem distribuídas. No caminho entre Canela e Gramado encontra-se o Parque Caracol, que possui uma cachoeira com queda de 131 metros, bosques de vegetação tropical e subtropical, além de um rio, o rio Caracol, no qual existem praias e pequenas cascatas. O local é um atrativo turístico muito desfrutado por visitantes de todas as partes do país e do exterior. No caminho para o parque, a 3 km da cidade de Canela, há uma araucária (pinheiro do Paraná) de 700 anos de idade, com 42 metros de altura. Ainda na Serra Gaúcha outras atrações chamam a atenção dos visitantes: o vale da Ferradura, uma formação de canyon cortada pelo rio Santa Cruz que forma linda cachoeira no local e as exuberantes paisagens de São José dos Ausentes e do Parque Aparados da Serra.

Vinicultura - Tendo encontrado clima propício ao desenvolvimento da vinicultura, os imigrantes italianos que começaram a chegar ao Rio Grande do Sul a partir de 1875, introduziram esse tipo de cultivo no estado, desencadeando o processo de produção artesanal de vinho. Hoje, a história da vinicultura nacional confunde-se com o processo de colonização da região nordeste do Rio Grande do Sul (Serra Gaúcha), que é a maior produtora de vinho do país, especialmente nas cidades de Caxias do Sul, Farroupilha, Antonio Prado, Flores da Cunha, Bento Gonçalves, Garibaldi, Carlos Barbosa, Nova Milano, Nova Roma, São José do Ouro, São Marcos e Veranópolis.
A partir de meados de 1970, a indústria vinícola no Rio Grande do Sul passou por um processo de modernização que resultou em mudanças significativas no elenco varietal da produção de uvas do estado. O Centro Nacional de Pesquisa de Uva e Vinho (CNPVU) da Embrapa, localizado em Bento Gonçalves, vem trabalhando há mais de dez anos em um programa que envolve a seleção de plantas no campo, formação de clones, técnicas de indexagem em casa de vegetação, testes sorológicos em laboratório e termoterapia, com o objetivo de obter matrizes livres de doenças disseminadas nos vinhedos. Como resultado do programa, a Embrapa dispõe hoje de oito hectares de matrizes certificadas de mais de 80 cultivares, que forneceram, em 1994, material vegetativo para 1 milhão de mudas. No que se refere à produção de uvas de mesa no estado do Rio Grande do Sul, houve aumento considerável do cultivo de castas finas. Entre as castas brancas são mais cotadas as variedades riesling itálico e renano, chardonnay e gewurztraminer. Nos tintos, predomina o cabernet sauvignon, cabernet franc e merlot. Em 1994, foram comercializados 43.294.350 litros de vinho no Rio Grande do Sul, o que corresponde a 91% da produção nacional.



A Revolução Farroupilha - Durante a fase inicial da colonização alemã, um fato iria abalar a política e a economia do Rio Grande, causando reflexos políticos no centro do país e até nos países vizinhos. Foi a Revolução Farroupilha, que durou de 1835 a 1845. Deflagrada pelos gaúchos, que não aceitavam a situação de subordinação a que o governo central submetia o Rio Grande, a Revolução tinha a intenção de proclamar uma república independente, e levava, para o Sul do continente, os ideais de liberdade em voga então na Europa.
Também chamada de Guerra dos Farrapos, a revolução só foi contida com muita dificuldade pelo governo central, que precisou enviar grande parte do exército brasileiro para o Rio Grande do Sul. Ao final, ciente das dificuldades que a guerra estava causando - e preocupado com a eventualidade de uma guerra iminente com a Argentina -, o governo brasileiro terminou por estabelecer um acordo com os revoltosos, garantindo que nenhum deles seria punido e que os oficiais que participaram da revolução seriam reintegrados ao Exército Brasileiro.
A revolução significou uma pausa de dez anos no desenvolvimento econômico do Rio Grande. Mas, por outro lado, garantiu ao Estado um grau de respeitabilidade política que nunca antes fora alcançado por qualquer outro Estado além de Rio de Janeiro e São Paulo, onde se encontravam as forças econômicas que governavam o país.
Em 1875 começaram a chegar ao Rio Grande imigrantes italianos. Como as terras da proximidade da capital já estavam ocupadas pelos alemães, foram encaminhados para a região da Serra. E, aos poucos, se desenvolveu o eixo básico de industrialização do Estado, que liga a capital a Caxias do Sul - esta a cidade-pólo da região de imigração italiana -, passando pelo Vale do Sinos, a região de colonização alemã. Esse eixo tornou-se vital para o desenvolvimento industrial gaúcho (como é chamado o povo do Rio Grande do Sul).
Durante este século, a situação econômica do Estado passou por uma progressiva transformação. No campo, a diversificação agrícola avançou. Novos cultivos, como o arroz, foram introduzidos. Na década de setenta, o boom da soja levou um produto agrícola gaúcho ao mercado internacional. Paralelamente, a pecuária perdeu a condição de atividade primária única.
A atividade industrial, nascida do artesanato dos imigrantes, se desenvolveu em um ritmo crescente. O eixo Porto Alegre - Caxias se transformou na área de maior concentração industrial do Estado. No Vale do Sinos, cresceu a indústria calçadista, que se tornou uma das locomotivas da exportação da indústria brasileira de manufaturados. Essa condição foi mantida até o início da década de 90, quando a produção calçadista chinesa começou a ameaçar a indústria calçadista nacional. Em Caxias do Sul, os setores mecânico e metalúrgico ganharam relevância. A região de colonização italiana se transformou numa grande fornecedora de peças e componentes para a indústria automobilística nacional.
O crescimento industrial não significou, contudo, o abandono da agricultura. O Rio Grande do Sul continua sendo considerado, juntamente com o Paraná, como o Estado celeiro do país, responsável pela maior produção nacional de grãos. De um Estado que se encontrava à margem da economia brasileira, o Rio Grande se transformou em uma das bases dessa economia.
  

http://www.brasilrepublica.com/riograndedosul.htm


[Anelise Bourscheidt de Andrade(Capitã)]

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